Stories and practices of connection
Estórias sãopráticas de conexões
Tenho chamado este meu sabático de jornada de conexões. E aqui não estou somente me referindo à conexão com lugares e pessoas, mas também e principalmente uma auto conexão. Viajar sozinha tem promovido uma conexão muito forte comigo mesma, com meus pensamentos, minhas escolhas, meus modos de buscar e de resolver as coisas e minha forma de estar no mundo.
Tenho aprendido muito sobre mim ao me conectar com outros, com os saberes locais e com as culturas pelas quais estou passando. Os comportamentos e valores de cada lugar me afetam de formas diferentes e isso vai dizendo bastante de mim. Soma-se a isso a influência de pessoas que também estão em movimento como eu, os viajantes com quem vou encontrando no caminho. Ao prestar atenção nestas afetações, me torno mais consciente da minha forma de me comportar, dos meus valores, e, nesse processo, tenho a oportunidade de me transformar, de ir além dos meus padrões, de testar novas interações e novas performances. Com isso, novas estórias de mim se criam.
A cada lugar que passo uma estória se faz; e a cada estória, novas formas de me engajar no mundo se criam. Estórias são práticas de conexões e elas criam sentidos de vida, transformam nossa forma de pensar, de agir e de ser. Com isso transformamos também o mundo. Transformações que às vezes nem nos damos conta já que sempre pensamos em transformação quando algo muito grande acontece. No entanto, processos de transformação estão ocorrendo o tempo todo, a cada encontro, a cada conexão novas estórias expandem possibilidades no/de mundo.
Quando fiz minha caminhada pelas montanhas sagradas de Santa Marta, na Colômbia, minha conexão com a natureza foi extrema. Essas montanhas são terra dos indígenas Wiwa, Kogui, Wiwa, Arhuaco e Kankuamo e Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Passei quatro dias no coração da floresta — acordando, caminhando e dormindo — e senti que meu corpo se integrou ao seu ritmo. Junto a isso, meu guia era um indígena Wiwa e sua visão de mundo e experiência com a natureza me encantaram. Os saberes ancestrais indígenas utilizam da natureza e da consciência coletiva em suas práticas cotidianas, em seus rituais, tomada de decisões e construção de suas comunidades. Essas práticas se tornam estórias vivas e tem a potência de criar novas relações e afinidades com lugares, cultura e pessoas.
Estar na mata, pulsando ao ritmo da floresta e aprendendo com os Wiwas foi uma prática viva de conexão muito importante na minha caminhada do sabático. Gerou em mim uma maior afinidade com os saberes indígenas, com sua cultura e com meu compromisso de leva-los adiante.
Nesta minha aventura, engajando com os saberes locais, aprendo e crio novas estórias; com isso novas práticas de conexão comigo e com o mundo emergem. Meu exercício de escrever algumas dessas estórias diz da minha intenção de expandi-las. Quando afeto ou inspiro alguém dividindo essas experiências, conexões se multiplicam.